Todos vivemos no planeta terra, todos somos guerreiros nesta luta contra a poluição e a favor da saúde planetária.
A forma como lutamos por nós mesmos, pela nossa saúde importa; pois tudo o que danifica a saúde do planeta deteriora a saúde humana, e tudo o que melhora a saúde do planeta melhora as condições de saúde humanas.
A minha perceção de como combater eficazmente a emergência climática é posta em prática todos os dias. Compreendo que um problema global como este não se resolve apenas com grandes soluções politicas, mas também com as pequenas revoluções ecológicas que fazemos nos nossos estilos de vida.
O trabalho de respiração integral não é algo que esteja muito associado á profissão de terapeuta da fala. Ainda é uma inovação.
As e os terapeutas da fala trabalham a respiração quando há uma patologia, principalmente, no trabalho de motricidade orofacial, em que ajudam os pacientes que são respiradores orais a respirar usando o nariz; e também na área da voz, quando uma respiração demasiado superficial causa tensões nas pregas vocais e deixa uma marca persistente de rouquidão ou falhas de voz.
Eu trabalho respiração como a base de grande parte das minhas intervenções clínicas.
Respiração como elemento no processo de cura entre corpo e mente.
A respiração é um elemento chave na comunicação entre corpo e mente. Chamo a este tipo de comunicação, comunicação interna.
É vulgar trabalharmos a comunicação entre a pessoa que ajudamos e alguém no exterior, mas não é comum na terapia da fala ajudarmos as pessoas a comunicarem melhor com elas próprias. No entanto, quando se vê o desenvolvimento humano numa perspetiva integral, a comunicação interna passa a ser a base de todo o desenvolvimento natural.
Uma comunicação interna mais eficaz implica melhor organização da informação na mente.
Ao nível físico a respiração regula uma série de funções sistémicas que privilegiam processos de cura. Desta forma, seja qual for a abordagem que seguimos na clínica, quando a complementamos com trabalho integral de respiração, estamos a impulsionar a rapidez dos processos e a acelerar os resultados das nossas intervenções.
Tudo fluí, tudo se torna mais rápido e leve. A pessoa sente-se melhor, o corpo fica mais disponível para a mudança a todos os níveis. Os processos de atenção e memória são otimizados para níveis que esbarram com o extraordinário.
Estas evidências são explicadas pela melhoria da capacidade de integração sensorial do corpo, para ser mais específica, esta capacidade é processada no cérebro.
Trabalhar a respiração para elevar o potencial humano.
Melhorar a respiração melhora este processo físico e mental por haver mais oxigénio disponível para as operações mentais, mas também para as atividades físicas. Todos os sistemas ficam a funcionar melhor pois todos eles precisam de oxigénio para metabolizar energia.
Os meus estudos levaram-me por áreas que são pouco associadas à terapia da fala. Sou sobretudo uma autodidata e isso conduz-me a melhorias e inovações que não surgem pela via convencional.
A respiração não começou por ser uma inovação.
Comecei a trabalhar respiração comigo mesma para me tratar de uma série de problemas de saúde que me apareceram numa fase menos boa da vida. Da minha cura, surgiram ideias e possibilidades para a cura de outras pessoas, ou para a melhoria da sua qualidade de vida e, mais tarde, descobrir que posso usar as mesmas linhas mestras para elevar o desenvolvimento humano, levando o potencial humano para o seu nível seguinte de concretização.
Comecei por compreender como os exercícios eliminavam a ansiedade e me permitiam sentir mais. De repente prestava atenção a apartes do meu corpo que, embora eu soubesse que tinha, não sentia. A representação que o meu cérebro tinha destas áreas era muito ténue, o que significava que eu tinha pouco controlo voluntário sobre elas.
A respiração, como vim a descobrir, é o elo de ligação entre corpo e mente.
À medida que treinava os exercícios para os aplicar à terapia da fala, já depois de ter resolvido os meus problemas de saúde, identifiquei um padrão de rigidez física que associei de imediato aos tratamentos ortopédicos que fiz em criança. Os aparelhos para dormir e as botas ortopédicas que usei durante anos, impediam o movimento não apenas dos meus tornozelos, mas de todas as partes do corpo que lhe estão associadas. Nenhum músculo do corpo funciona isolado, todos os elementos biológicos estruturais estão interligados, o que significa que a nossa saúde se desenvolve num contínuo de influências mútuas.
Quando falamos de interdependência de sistemas, outra forma de nos referirmos a influências mútuas, temos por base processos de comunicação. Isto aplica-se quer à comunicação com o exterior, que é o resultado das nossas ações, quer à comunicação entre sistemas dentro do corpo, e entre as diferentes dimensões do nosso ser: físico, mental e espiritual.
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Qual é o método que usa?É frequente perguntarem-me que método utilizo, e a pergunta está mal feita, por isso as respostas nunca satisfazem a curiosidade. Um método pressupõe um conjunto de etapas que são aplicadas numa determinada ordem, com o intuito de obter um resultado esperado. O paradigma do desenvolvimento integral não é um método, é uma forma de pensar e ver as pessoas e o seu desenvolvimento. É uma perspetiva sistémica que nos permite tratar as limitações do desenvolvimento humano.
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De que forma é que o paradigma do desenvolvimento integral mudou a sua prática clínica na Terapia da Fala?Nas minhas práticas, a mudança mais visível é a importância que coloco na organização da dimensão física de cada pessoa. Esta componente física pode ser organizada com diferentes técnicas, umas sistémicas outras localizadas. Nos últimos anos coloco especial importância na organização da respiração que é a base da vida. O trabalho que faço na dimensão física é a base da organização da respiração. Uma respiração em disrupção leva menos oxigénio às diferentes partes do corpo, e influencia o metabolismo, pelo que tem um efeito sistémico ou multissistémico, para ser mais exata. Ao trabalhar a respiração, todo o desenvolvimento evolui mesmo quando outras técnicas específicas usadas na terapia da fala convencional ainda não tiveram tempo de provocar mudanças.
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Que técnicas deixou de usar devido ao paradigma do desenvolvimento integral?Não deixei de usar as técnicas que usava quando comecei a trabalhar, pelo contrário recorro com frequência a um conjunto de exercícios que criei nesse período. A diferença está na avaliação, o que procuro ver quando avalio, e na organização da consulta em si, com as técnicas a surgirem dentro de atividades com objetivos múltiplos. Por tentar mimicar o desenvolvimento humano de forma integral, trabalho vários sistemas em simultâneo, uns influenciam os outros e criam uma nova organização num curto espaço de tempo. A dimensão física é estrutural para a organização mental e espiritual. Quando começo a conhecer um novo paciente as primeiras ações e orientações são dadas em relação à estrutura. É como começar uma construção pelos alicerces, pela base. A nossa base é o corpo, que a mente organiza depois de ter uma estrutura coerente a funcionar.
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Quais são as vantagens de usar o paradigma do desenvolvimento Integral como base do trabalho em Terapia da Fala?1) As pessoas que me procuram conseguem ultrapassar as suas limitações em menos tempo do que conseguiriam com a terapia da fala convencional. As intervenções são sustentáveis e permitem o avanço progressivo para outras etapas do desenvolvimento, sem suporte terapêutico. 2) Esta abordagem diminui os custos económicos associados à terapia da fala, mas também os custos emocionais para os pacientes e para as suas famílias. 3) Muitas vezes recebo pessoas que não encontraram soluções na terapia da fala, ou pessoas que me são encaminhadas por outros profissionais por serem “casos difíceis” ou de “alto perfil de complexidade”. E comigo, devido a esta forma de pensar e ver o ser humano, os resultados que obtêm dão esperança a pessoas desesperadas. 4) O paradigma do desenvolvimento integral permite-me navegar na complexidade e fazer parecer simples e fácil o meu trabalho como terapeuta da fala, mas isso é apenas uma ilusão. Não há nada de simples naquilo que faço, as soluções são milimétricas para irem ao encontro de falhas estratégicas que precisam de ser colmatadas.
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Qual é a duração média das intervenções em Terapia da Fala?Em média, as minhas intervenções duram 2 ou 3 meses, com sessões semanais, que podem tornar-se quinzenais à medida que a pessoa evolui. O espaçamento das consultas é estratégico porque o tempo faz parte da solução, uma nova organização requer tempo para se implementar, e se tornar a nova “norma”. No caso das alterações de desenvolvimento mais complexas, faço uma paragem de um mês de terapia da fala, após 3 meses de intervenção. A razão é a mesma, desenvolver a autonomia e deixar que as novas competências adquiridas se tornem a norma, para depois acelerar a evolução na etapa seguinte. A duração total da intervenção depende de cada pessoa e das limitações que precisem de ser ultrapassadas. Recorde que o desenvolvimento humano é hierárquico, só conseguimos desempenhar algumas funções depois de dominarmos outras mais básicas. As intervenções têm de ser sustentáveis, tanto para a pessoa como para a sociedade. Se não forem respeitados os processos naturais de desenvolvimento, as terapias criam dependência. Quando temos famílias dependentes de terapias, temos ausência de resultados quer para a pessoa, quer para a sociedade.
Raramente conseguimos acesso direto para controlar a mente, mas o controlo da respiração é acessível a todos e permite-nos, indiretamente, aquietar a mente. Este treino pode levarmos, se assim o entendermos, a conseguir regular a velocidade do nosso ritmo cardíaco e a regular o metabolismo, acelerando-o ou desacelerando-o conforme as nossas necessidades.
Ao otimizar a respiração ganhamos saúde para usar o nosso potencial humano como bem entendermos, para vivermos de acordo com os nossos valores e princípios sem limitações.
Na prática, o trabalho se respiração é um treino de eliminação das limitações. Retiramos o que está a mais, normalmente, força a mais. E fazemos isso trazendo atenção para o corpo e repescando movimentos exploratórios do desenvolvimento infantil.
Os resultados são imediatos, mas a transformação pessoal vem da repetição, que nos leva a um aperfeiçoamento contínuo de nós mesmos.
Não considero que as minhas investigações e estudos sejam demasiado inovadores, visto que a tradição de bem respirar remonta a milénios antes da era de cristo.
O que há de inovador é a aplicação desses conhecimentos à intervenção em terapia da fala, e às patologias do desenvolvimento humano.
Na área infantil, que constitui grande parte das consultas que faço, os resultados são extraordinários. Isto redefine os limites que consideramos serem aceitáveis para as patologias da infância.
A plasticidade cerebral é muito mais elástica quando se usa uma abordagem integral do que quando se usam apenas intervenções convencionais.
Se é adulta/o pode ter sessões de terapia da fala para desenvolver a respiração.