Até há algumas décadas atrás a comunidade científica pensava que respirar pelo ventilador ou em plenos pulmões era igual. Pensava-se que desde que respirasse a forma como o fazia não tinha importância, pois o corpo adaptava-se. É verdade que o corpo se adapta à maior ou menor quantidade de oxigénio que recebe da respiração, mas o oxigénio como recurso limitado condiciona o que o nosso corpo consegue fazer. Por outras palavras, défice de oxigénio limita o nosso potencial e a nossa saúde. A forma mais eficaz de respirar é a respiração integral. Neste artigo explico o que é a respiração integral e que diferenças pode fazer na sua vida a forma como respira.
Como funciona o corpo humano?
Nós humanos funcionamos como um todo. Todos os músculos estão interligados. Todas as articulações estão interligadas. Todos os sistemas do corpo estão interligados e funcionam em sincronia para otimizar a eficiência energética uns dos outros. Isto significa que um pâncreas a funcionar bem, melhora as funções do fígado. Um fígado bem desintoxicado, melhora as funções mentais, etc. Os benefícios da saúde não são lineares.
A sincronia entre todos os sistemas do corpo e da mente cria uma sinergia, de ganhos espirituais. Ou seja, quanto mais saúde tiver maior o seu potencial de desenvolvimento espiritual. É basicamente, aquilo a que se chama maturidade e não depende tanto da idade como pensa o senso comum.
A maturidade dependente do paradigma que rege a sua vida e da saúde que cultiva todos os dias nos seus hábitos, rotinas e rituais [eu sei, parece uma repetição e alguns leitores julgam que estava a meia a dormir quando escrevi a última frase, mas não. Hábitos, rotinas e rituais não são sinónimos. Agora fico-me por esta distinção. O poder da linguagem na expansão da saúde humana fica para outra leitura, porque se começo a escrever sobre isto só paro na próxima semana!]
Uma ideia inteligente é melhorar as bases da saúde para conseguir um efeito sistémico em vários sistemas do corpo em simultâneo e aumentar o potencial de desenvolvimento. Esta é uma das regras que aplico nas minhas intervenções de terapia da fala. Como consequência, consigo mais resultados em menos tempo, porque otimizo as sinergias naturais do corpo humano, o que leva a mais desenvolvimento.
E o que é que a respiração tem a ver com isso?
A respiração tem efeito direto sobre a função cardíaca, o sistema nervoso, o sistema músculo-esquelético e o sistema digestivo. Sim, estão todos interligados. Essa é uma das razões que faz da respiração um dos pilares da saúde humana.
A questão é que para respirar bem não basta receber quantidades mínimas de oxigénio para manter a vida. Essa é a respiração de sobrevivência, sem dúvida que é um recurso para momentos de emergência, como acidentes com traumatismos ou doenças várias.
O progresso da humanidade não acontece em estado de emergência. Para evoluir temos de ultrapassar o sofrimento e superar as crises. O desenvolvimento acontece quando o corpo relaxa (não se sente ameaçado), a mente divaga, e a consciência cria.
Parece óbvio que um estado de criatividade e inovação não pode ser comparado com um estado de urgência em que a sobrevivência está em causa. O mesmo acontece com a respiração.
Respirar para sobreviver não é o mesmo que respirar para aprender.
Esta é uma redescoberta da ciência das últimas décadas. Um redescoberta porque o efeito das várias formas de respirar no desempenho humano em várias situações está muito estudado em tradições ancestrais das civilizações asiáticas, árabes, e em várias escolas místicas.
Ao ritmo da respiração
A respiração tem um ritmo que vai condicionar e ser condicionado pelo ritmo cardíaco. A respiração otimizada requer a colaboração do sistema músculo-esquelético, porque respirar é um movimento. É isso que faz com que, embora a respiração seja automática possamos modifica-la temporariamente de forma consciente, controlando o sistema músculo-esquelético.
Não podemos agir diretamente sobre o coração, mas ao controlar a respiração temos um efeito direto sobre o coração e sobre a mente.
O que é a respiração integral?
A respiração integral é a alta performance da respiração.
Não precisa anos de treino, nem 10 000 horas de práticas técnicas para que consiga obter os benefícios da respiração integral.
Através do movimento dos músculos envolvidos na respiração eliminam-se as tenções e excesso de força na ativação de alguns músculos em relação a outros, o que leva a um aumento da sincronia entre a expansão dos pulmões e a atividade do sistema músculo-esquelético.
A cada exercício o corpo fica a funcionar cada vez mais como um todo, INTEIRO. É por isso que esta forma saudável de respirar se chama integral, consiste em integrar as partes que estão separadas ou desligadas. Dito de outra forma, a respiração integral cura, eliminando o que está a mais e otimizando a sincronia entre 2 pilares da saúde: a respiração e o movimento.
A junção estratégica desde dois elementos básicos na saúde ativa de forma indireta o terceiro pilar: a alimentação (através da facilitação do processo digestivo).
Que movimentos otimizam a respiração e a tornam integral?
Os pulmões não são músculos, são uma espécie de esponjas que incham quando o ar entra e encolhem quando o ar sai.
Pode usar uma esponja de cozinha para compreender como os seus pulmões funcionam. Quando o ar entra é como quando a esponja está cheia de água. Quando o ar sai é como quando espreme a esponja e ela fica seca (ou quase).
A preservação da vida requer que estes órgãos esponjosos estejam protegidos por uma estrutura óssea que são as costelas (grosso modo). Se as costelas não mexerem a capacidade dos pulmões expandirem quando o ar entra, ou seja, na inspiração, fica diminuída. Se as costelas não mexerem, ou mexerem pouco, a variação do tamanho dos pulmões entre inspiração e expiração diminui, o que significa que as trocas gasosas usam ar com menor saturação de oxigénio. Logo o corpo recebe menos oxigénio.
Os movimentos da respiração que a tornam integral são padrões de movimento que mobilizam as costelas, ombros e diafragma. Estes padrões de movimento são variados e executam-se de forma lenta e suave, para dar ao sistema nervoso as informações sensoriais que ele precisa para integrar os movimentos em padrões automáticos.
Ao criar estas memórias musculares a respiração integral deixa de depender da consciência direta e torna-se subconsciente.
Ninguém pensa constantemente em como respira. A respiração é uma função automática que regula a vida e é assim que deve permanecer.
A respiração consciente é esporádica, usamo-la para cultivar um determinado padrão respiratório. Usamos diretamente a consciência até que esse padrão se torne automático.
Na terapia da fala é este o processo de atuação quando recebo pessoas que respiram quase sempre pela boca e querem desenvolver uma respiração nasal. Os meus clientes podem ou não ter alterações de fala, mas como a fala começa na respiração há sempre ganhos de comunicação quando respiram de forma integral.
Ao aprender a respiração integral está literalmente a respirar saúde.
Siga o canal da Whatsapp Respirar Saúde para saber mais sobre respiração e saúde.
Ainda que não precise de terapia da fala pode modificar a sua respiração e ganhar saúde em pequeno grupo, no programa terapêutico 50+ Saúde.
Viva integralmente,
Andreia
Obrigada Andréia pela informação que tens vindo a disponibilizar