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Foto do escritorAndreia Ferreira Campos

Neuroeverything


A ciência como propulsora do desenvolvimento social. Será possível?


A resposta é tão óbvia que quase não valia a pena ter feito a pergunta. Mas haverá outra possibilidade?!


Sim, a ciência é feita por seres humanos que buscam o conhecimento cada vez mais aprofundado de uma determinada área de saber ou se, for como eu, vai preferir a expressão campo de saber.


A pandemia pela qual estamos a passar ajuda-nos a enquadrar a importância da ciência no nosso dia-a-dia.


Se levarmos mais longe essa ideia, podemos pensar que sendo o desconhecimento a causa primeira do sofrimento humano, a ciência vai ajudar-nos a sofrer menos, a viver vidas com melhor qualidade.


Mas serão todas as ciências igualmente relevantes para o desenvolvimento humano?


A minha resposta é nim, sim e não.


Sim, no sentido em que cada campo de saber explora uma parte da realidade e quando integrados os diferentes saberes permitem uma compreensão do todo, cada vez mais próxima da verdade.


Sim, porque as diferentes ciências têm campos de influências mútuas e o crescimento de umas, leva à alavancagem de outras. Há uma interdependência entre elas.


Não, porque umas descobertas têm maior impacto do que outras nas nossas vidas. A resolução de um problema matemático complexo, por exemplo pode não ter efeitos práticos durante décadas ou pode mesmo nunca ter efeitos na prática, ser uma mera construção teórica, uma abstração (coisa muito rara).


Há algumas ciências que respondem de forma premente às necessidades do momento. No caso da pandemia as farmacêuticas colocaram os seus saberes ao serviço da descoberta de uma vacina contra o covid-19.


Fora do contexto público imediato, que conjunto de ciências nos ajudam a evoluir mais rapidamente como seres humanos? As neurociências.


A compreensão de nós próprios é o motor da nossa evolução. Compreendendo-nos compreendemos melhor os outros. E da interação entre o eu e o outro construímos uma realidade mais pacífica e coesa.


Nunca como nas últimas décadas se venderam tantos livros e seminários, retiros, conferências de autoajuda. As pessoas no mundo ocidental, e em todo o mundo, estão a sofrer, apesar das melhorias do nível de vida, da diminuição geral da pobreza (que a pandemia pode, em parte, reverter), dos empregos menos forçados a nível físico, da escolaridade obrigatória e de melhores acessos à saúde e à justiça.


Resumindo as pessoas vivem em melhores condições e sentem-se mal à mesma e, em alguns casos, sentem-se pior ainda.

Questionam o vazio de significados que sentem em relação à vida, as pressões sociais, as injustiças instituídas, a descriminação e a a razão de ser de tudo isto.


As pressões sociais causam depressão, o excesso de trabalho esgota os recursos cognitivos e emocionais, e basicamente a dada altura da vida todos nos perguntamos: afinal, de que é que isto vale? Para que é que isto serve se não está ao serviço da minha felicidade pessoal e do meu bem-estar?



De momento as neurociências dão-nos as respostas mais concretas sobre o nosso próprio ser. Ajudam-nos no processo de descoberta de nós próprios como pessoa individual e da espécie humana no seu conjunto. As neurociências têm estreitas ligações à psicologia, sociologia, economia, marketing, e um pouco de tudo e de mais alguma coisa.


A dificuldade consiste em filtrar o que é ou não relevante para as nossas vidas, pessoais e profissionais. Alguns dos estudos realizados são pontes para descobertas futuras, ou seja são o ponto de partida para estudos futuros e têm muito pouco de pragmático. Outros estudos são revelações no que toca a ligar saberes que até então estavam isolados. Outros ainda revelações do tipo eureca!


Em geral as inovações são incrementais, cada pequena descoberta acrescenta um novo nó à intrincada rede de saberes que é o conhecimento humano.


Pense no conhecimento como um mapa de estradas, cada novo nó acrescentado representa uma nova saída possível que cruza várias rotas ou itinerários. O saber ocupa muito espaço. Nesse espaço cabe toda a liberdade do mundo. Somos tanto mais livres quando melhor compreendemos o nosso lugar no mundo. A liberdade é proporcional ao conhecimento que temos e à forma como escolhemos aplicá-lo na vida pessoal e profissional.



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