top of page
Foto do escritorAndreia Ferreira Campos

Exercício Verde

O que é? Para que serve?


capa do post do blogue integralmente. título: exercício verde, o que? para que serve? no centro da imagem, uma foto da autora, Andreia Ferreira Campos, a caminhar na praia.

Os psicologistas chamam à atividade física que é praticada no exterior “exercício verde”. Parece coisa de ecologistas quando, de facto, é a natureza a contagiar a forma como movemos o corpo através da comunicação subtil com os nossos sentidos.

- Estas modernices! Quer dizer que podemos mexer os mesmos músculos, transpirar igual, fazer tudo igual e ter resultados diferentes, só porque estamos no meio da natureza?

- Isso mesmo! É exatamente isso que os cientistas descobriram!


Tell me more! Tell me more!


Depois de alguns minutos a praticar exercício na natureza, as pessoas experimentam mudanças de humor e perspetiva. Distanciam-se dos seus problemas pessoais e ficam mais no momento, estando mais conectadas com a sua essência e com a vida.


Mas não é só. Há quem revele ter a perceção da expansão do tempo, devido à lentificação dos seus relógios internos.


Basta uma caminhada de alguns minutos para que comecem a surgir os efeitos de colocar a vida em perspetiva e maior conexão com a natureza. Tudo isto é o que nos diz a ciência, e agora, como é que isto se explica?


O que posso dizer sobre isso...


Os efeitos psicológicos de uma simples caminhada na natureza podem ser profundos, ajudando a eliminar sensações negativas como ansiedade, depressão, medos. As pessoas sentem-se mais conectas com a natureza, o sentido de pertença a algo maior, uma união com o universo.


Na prática o que acontece é que deixamos de receber informações limitadas dos sentidos, como acontece quando estamos num ambiente controlado entre quatro paredes. A imensidão de informação que chega ao cérebro acorda os sistemas sensoriais e traz-nos para o aqui e agora.

Por outras palavras, sentimos mais! Isto faz com que os diálogos mentais internos de cada pessoa abrandem, tal como quando estamos a meditar.


A perceção do tempo pode mudar porque as nossas prioridades no momento também mudam. Os circuitos cerebrais que estão ativos são muito mais antigos, do ponto de vista evolutivo.

E quando juntamos a isso o movimento, estamos a dar ao cérebro tanta informação que ele quase não consegue fazer mais nada. Exceto, ligar ainda as áreas associativas, que estão perto das áreas motoras, e dar-nos rasgos de criatividade e capacidade de resolver problemas que antes não tínhamos conseguido solucionar.


É um pesadelo a forma como o nosso

corpo comunica com a natureza!




Houve uma época em que pratiquei tai chi. A fundamentação teórica do tai chi é o taoísmo, que não é mais do que filosofia tradicional chinesa. Os livros taoistas estão repletos de enigmas e sabedoria ancestral, que ainda é atual e prática nos dias de hoje, ao ponto de vários estudiosos terem dificuldades em compreender como surgiu.


Há uma parte da explicação que se relaciona com o desenvolvimento e a evolução da linguagem. Não vou escrever sobre isso, para não ser acusada de estar a dar uma aula ou a ser demasiado técnica.


(Acho sempre impressionante o facto de algumas pessoas quererem saber mais, mas não a técnica, não a parte chata, só o conhecimento já mastigado, a magia já pronta. Parece que não é evidente que isso cria dependência, por nunca aprenderem a fazer nada… Essas pessoas julgam-se muito inteligentes por copiarem as ideias sem as compreenderem, a superfície das coisas já lhes é deslumbrante o suficiente. Isso é o oposto da inteligência, mas eu não digo a palavra que começa por B., sinto-me educada e digo, menos inteligentes.)


A sabedoria intuitiva não era mais acessível há 5000 anos atrás do que é agora. A diferença é que o estilo de vida de há 5000 mil anos atrás era mais lento (slow) e em pleno contato com a natureza.


Esses são os benefícios que os cientistas estão a descobrir nas pessoas que praticam exercício na natureza. A capacidade de conexão com uma fonte de conhecimento muito superior à humana, há quem lhe chame deus. Há quem diga que são experiências místicas.


As pessoas dizem o que querem, o que sabem. Eu digo que são processos naturais do desenvolvimento humano, são experiências espirituais que todos podem ter.


Agora, se quer tornar-se filosofa/o vá praticar exercício na natureza! Não lhe posso garantir que vá escrever tratados tão marcantes como os do taoísmo, porque há outros fenómenos envolvidos no processo, como eu referi. Um deles é a literacia. Há 5000 mil anos atrás as pessoas não sabiam ler e escrever, tinham escrivas (que não eram muitos) e transmitiam a informação oralmente, no segredo do seu clã familiar.


A ausência de literacia influenciava imenso a forma como se pensava. Influenciava também o tipo de linguagem usado. Essa é uma das razões de haver tantos enigmas no Tao-Te Ching, um dos livros de referência do taoísmo. Não é por as pessoas querem ser enigmáticas, é porque não tinham outras formas de se exprimir, a linguagem ainda não tinha evoluído para incluir vocabulário abstrato que pudesse traduzir alguns dos conceitos. Muitas das palavras que usamos hoje com regularidade ainda não existiam.


O exercício verde promove o desenvolvimento espiritual.

E pensar que nos disseram que o desenvolvimento espiritual estava por conta da religião! Surpreenda-se: mentiram-nos! O que é uma novidade, visto que nunca tinha acontecido… já ninguém se lembra nem das atrocidades da inquisição, nem dos casos de pedofilia, nem de todas as outras mentiras… Claro que eu estou a ser picuinhas! Coitadas das pessoas ligadas à religião, nem imagina como tenho pena delas não saberem nada de bom para a humanidade. Tadinhas, se calhar deus não gosta delas. Porque será?


Então parece que o desenvolvimento espiritual se consegue quando nos ligamos ao corpo e aprendemos a sentir. Pelos vistos, não é pecado sentir! Até é uma coisa muito boa porque nos aproxima de deus. Caramba, que reviravolta nas teorias que nos ensinam na catequese!

 

Agora que o corpo deixou de ser coisa do demónio, e temos autorização para no sentirmos bem no nosso corpo, se calhar conseguimos viver integralmente.



Junte a respiração integral ao exercício verde e deslumbre-se com o autoconhecimento e a paz de espírito que ganha! Faça da respiração integral um passo na sua evolução pessoal.



Conclusão, não há espírito sem corpo e para chegar ao desenvolvimento espiritual é preciso aprender a sentir. Sentir resulta da informação que o corpo recebe do meio exterior e dos impulsos internos (que não são pecado, mais uma vez, para o caso de alguém ainda não ter percebido à primeira). Da interação do corpo com a mente, resulta uma sinergia que se pode traduzir por espírito ou consciência. As experiências místicas são estados alterados de consciência não patológicos (ou uma expansão da consciência, as palavras ainda estão a ajustar-se aos conceitos).


Há doenças que induzem alterações da consciência, e não são místicas. A forma como essas doenças são tratadas é uma outra questão, sobre a qual só poderemos debater com estivermos de acordo sobre o que é doença e o que é uma evolução do desenvolvimento humano. A distinção não é difícil: quando as pessoas sofrem, é doença. Algumas vezes, a superação da doença leva a níveis de evolução muito rápidos, mas só depois de superada a doença é que isso é possível.


Para vivemos integralmente, temos de conhecer melhor a nossa humanidade. As nossas limitações e o nosso potencial humano. Por onde começar? Já começou, pois está a ler este blogue. Para a etapa seguinte posso sugerir um pouco (ou muito, se preferir) de exercício verde.


Viva integralmente.

Posts recentes

Ver tudo

Opmerkingen

Beoordeeld met 0 uit 5 sterren.
Nog geen beoordelingen

Voeg een beoordeling toe
bottom of page