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Foto do escritorAndreia Ferreira Campos

Como evoluímos?


Imagem de capa do artigo do Blogue Integralmente, sob o título: Como evoluímos? O título lê-se sobre uma colagem de fotos dentro de um círculo, são fotas da autora, Andreia Ferreira Campos, em diferentes fases da vida. O fundo desta imagem é roxo, como 3 holofotes a iluminar o títulos e a colagem.

A evolução da humanidade é pessoal e, ao mesmo tempo, social. Como evoluímos? Como passamos de níveis básicos pré-históricos para a complexidade civilizacional dos dias de hoje? A transição existe, e é observável no nosso desenvolvimento pessoal, tal como na progressão das sociedades mais evoluídas. Venha daí descobrir este processo com uma simples leitura. 



 

A terapia da fala está a mudar. Tal como a educação, a saúde e a forma como nos relacionamos uns com os outros. O que é que aconteceu?


R: Ainda está a acontecer. Fique atenta/o.


Com a adesão ao paradigma do desenvolvimento integral a forma como nos vemos, quer como seres individuais, quer como atores sociais, transformou-se. A perceção que tínhamos de nós mesmos era inferior à nossa capacidade potencial.


Com o paradigma do desenvolvimento integral conhecemos novas possibilidades de humanização das nossas ações, para que todos possamos ambicionar a felicidade que é tão faladas como desconhecida. Para muitos, a felicidade não passa de uma abstração, uma ideia que se tem de ausência de sofrimento e alegria constante. Um cenário tão distante que é frequente ouvirmos que “ninguém é feliz, sempre”, ou que “a felicidade é uma utopia e mesmo nos sonhos dura pouco tempo”.


Apesar da desconfiança perante a desconhecida felicidade, não desistimos de a procurar, não desistimos de nós e, cada vez mais, procuramos experiências que nos acrescentem valor duradouro, ou seja, procuramos uma aprendizagem contínua que nos permita sofrer menos, sorrir mais.


Este é o primeiro estrato da evolução. Nas nossas atividades naturais, sem qualquer objetivo definido, procuramos recolher dados (neste caso experiências) que nos levem a descobrir algo novo, algo melhor para nós e para a sociedade.


É o modo natural. Idêntico a todas as pessoas e também aos animais. Seguimos instintos, tradições, hábitos culturais enraizados e não pensamos muito sobre a lógica ou os processos, simplesmente fazemos. A sensação que temos é que o que fazemos está certo, porque é assim.

Na evolução da humanidade esta foi a etapa pré-linguagem. No nosso desenvolvimento pessoal corresponde à infância e adolescência das nossas vidas, grosso modo.


O estrato dois da evolução é individual. Uma pessoa encontra a sua própria maneira de realizar atividades que antes eram naturais. A pessoa pode encontrar uma forma especial de correr, uma forma especial de se expressar, uma forma especial de pintar, ou qualquer outra forma individual de fazer algo diferente do que antes era considerado natural. Quando o método desta pessoa prova ter vantagens vitais, tende a ser adotado por outros.


O estrato três é a transformação dos processos em métodos e a profissionalização do mesmo. A sociedade adota a nova forma de fazer como a regra, e evoluí no seu todo, disponibilizando às massas o acesso a novas possibilidades que transcendem aquilo que era feito de forma natural, em eficiência e eficácia. Dito de maneira diferente, as capacidades humanas aumentam o seu potencial.


Na verdade, a nossa perceção do potencial humano cresce e conseguimos ver novas possibilidades que lhe são associadas, e que antes não conseguíamos imaginar.


Se pensar na educação e na saúde consegue, certamente, identificar estas etapas. Durante séculos as crianças foram criadas pelos pais e familiares mais próximos, e as suas aprendizagens eram passadas de geração em geração. Filhos seguiam as profissões dos pais, e não tinham mais opções.


Mais tarde na nossa história, as crianças começaram a aprender a ler e escrever de forma organizada, porque o que se provou eficaz para as famílias aristocratas tornou-se vital para que a sociedade progredisse, quer para a organização social, quer para responder às inovações técnicas.


Consegue imaginar ir a uma serviço público e não saber ler? Ficaria totalmente dependente de uma terceira pessoa. A evolução pessoal é sempre no sentido da autossuficiência face a um ou vários processos, sejam eles físicos, mentais ou espirituais. O ser humano transforma-se e a sua ação sobre o mundo transforma a sociedade.


Hoje em dia, vivemos com a atribuição de responsabilidades educativas entre pais e escolas. O que antes era responsabilidade exclusiva das famílias profissionalizou-se e, muitas vezes, as competências são desproporcionalmente atribuídas a um dos lados, quando na realidade deveriam ser partilhadas em processos de cooperação entre as famílias e a escola. Por que nos especializamos, profissionalizando a educação, percebemos a distinção entre a educação formal e a educação informal, e depois a autoeducação. Nas primeiras etapas evolutivas tudo cabia no mesmo rótulo: era tudo educação.


A saúde seguiu um processo idêntico. Na ausência de médicos para apoiarem toda a população, as pessoas tinham contacto com a natureza e faziam remédios caseiros, cujas receitas eram transmitidas de geração em geração. Cada pessoa estava atenta ao seu corpo e procurava conhecer-se para atender às suas necessidades físicas face a diferentes doenças.


Com a organização do conhecimento médico, a medicina começa a substituir os tratamentos naturais por tratamentos farmacológicos, e a especializar diferentes profissionais para tratar de forma mais eficaz as doenças. As pessoas desligam-se parcialmente do que era natural. A nova norma é quando se sentirem mal procurarem profissionais de saúde.


Há um aumento da dependência dos cuidados de saúde e surgem novas profissões que antes eram praticadas por amadores: enfermeiras/os, parteiras, farmacêuticas/os, etc. Estes são apenas alguns exemplos.


Ah! Quase que me esquecia: as/os terapeutas da fala! A profissionalização de uma atividade que antes era natural e cujas patologias "não se tratavam". À medida que a perceção do nosso potencial humano mudou, compreendemos que as perturbações da comunicação, linguagem e fala não eram uma herança para a vida, mas sim um desafio que nos é colocado e que podemos ultrapassar. Como? Para isso procuramos a ajuda dos profissionais.


As nossas opções de vida aumentaram com a evolução humana. O número de profissões cresceu exponencialmente e, o futuro dos jovens, que antes era determinado pela família onde cresciam, é agora uma incerteza face a tantas escolhas que podem ser feitas.


O que o paradigma do desenvolvimento integral nos permite é ver o potencial humano com maior clareza, ver além das limitações que nos eram impostas pela tradição e pelos métodos e processos anteriores. Permite-nos uma aproximação da verdade, do nosso verdadeiro potencial como seres humanos.


Na minha prática clínica, quando olho para uma criança com alterações de desenvolvimento consigo ver os défices, como todos, mas consigo também ver o potencial por detrás dos sintomas. As pessoas são mais do que doenças, é esse potencial escondido que o paradigma do desenvolvimento integral revela.


Banner com imagem complexa referente o programa terapêutico 50+ Saúde, que é uma inovação em terapia da fala. Alude ao facto de a respiração ser um superpoder, por condicionar o rendimento físico, mental e espiritual de cada ser humano.
Como algo tão natural como respirar se tornou um superpoder. A forma como respiramos é um reflexo da nossa saúde.

No trabalho com grupos, acontece o mesmo. As pessoas sentem-se melhores porque descobrem potencial de cura em si mesmas que não sabiam que tinham. Há uma coisa fantástica na aprendizagem, quando alguém aprende alguma coisa pode usar a sua aprendizagem em qualquer área da vida, em qualquer lugar. É isso que acontece quando aprendemos a conhecer o nosso potencial humano: melhoramos em todas as dimensões da nossa humanidade. E a sociedade evolui de forma integral.


Viva integralmente.

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