O que pode fazer por si que tenha um efeito em toda a população? Cuidar da sua saúde! Neste artigo vou contar-lhe sobre os 3 pilares da saúde que pode controlar agora: Respiração, Movimento, Alimentação. Cada um destes elementos interage de forma não-linear com todo o seu ser, contribuindo para o seu empoderamento pessoal. Continue a ler para descobrir como potenciar o seu desenvolvimento pessoal a partir da base: a construção da saúde humana.
Há culturas em que as pessoas vivem aterradas em problemas e não prescindem de um sorriso fácil e do otimismo constante – mesmo nos momentos mais negros.
Essa não é a cultura portuguesa.
Nós somos bons, muito bons mesmo, a queixar-nos de tudo e mais alguma coisa, até quando o sol brilha. Porque é óbvio que o sol brilha demasiado! E isso faz mal a… qualquer coisa.
Por incrível que pareça, nos momentos mais dramáticos, o poder pessoal de cada português desenrasca sempre a situação. Surge então o otimismo forjado de uma realidade que não pode mais ser negada: só para a morte é que não há solução – pelo menos por enquanto e também surge, em pano de fundo, a derradeira questão filosófica: a morte é mesmo um problema que precise de solução ou é mais uma etapa na nossa jornada pessoal e coletiva?
É no pior dos momentos que o melhor de muitos se revela. Isso se a saúde mental não estiver em causa, porque quando a mente está doente as coisas complicam-se quando já de si são complicadíssimas, e também se complicam quando não são complicadas de todo. É a mente a pregar partidas à vida.
Se o otimismo não é o seu estado natural, saiba que o movimento pode ajudar a melhorar o seu humor. Esse é o penso rápido que pode usar para estancar a ferida do pessimismo, mas a solução permanente é o desenvolvimento integral. Para o conseguir, terá de construir a base da pirâmide com os 3 pilares da saúde. A boa notícia é que pode começar a controlar os 3 pilares da saúde, agora. A ainda melhor notícia é que todos o conseguem fazer. A saúde constrói-se, vamos descobrir como?
1. Respiração
Se está a ler este artigo é provável que esteja a respirar, a não ser que seja um espírito defunto e nesse caso, não percebo o interesse.
Se todos nós os vivos respiramos, que podemos fazer para que a respiração se torne um superpoder e um dos pilares da saúde humana?
Bem, respirar não é sempre igual. Uma respiração bem organizada adapta-se à atividade que faz no momento, contudo isso não é garantido para todos.
A percentagem da população mundial que sofre com doenças respiratórias continua a aumentar. Para este aumento temos dois contributos principais: a poluição e a diminuição dos movimentos.
Da poluição podemos proteger-nos (tanto quanto possível) respirando pelo nariz e, em circunstâncias mais extremas, usando máscara.
A falta de movimento, que resulta do aumento do sedentarismo, pode ser minimizada com exercício físico, mas o exercício não é todo igual!
Os exercícios que têm um efeito direto na respiração envolvem os movimentos das costelas, ombros e braços, mas também os movimentos da mastigação.
Sim, leu bem.
A forma como mastigamos influência drasticamente a forma como respiramos.
Esta é a ligação entre a respiração e a alimentação. Quando repito eternamente que tudo no nosso ser está interligado, já percebe um pouco melhor?
Os 3 pilares da saúde que pode controlar agora estão todos interligados. A forma como se mexe influencia a sua capacidade respiratória, que por sua vez regula os níveis de energia até à célula (na verdade, até ao átomo, mas escrever sobre isso iria complicar muito as coisas, ficamos pela célula). A forma como mastiga e as texturas dos alimentos influenciam a sua capacidade de respirar pelo nariz. A respiração nasal é o prelúdio da saúde respiratória e tem um efeito sistémico no corpo e na mente.
A forma como respira interfere na sua saúde e felicidade hoje, amanhã, na próxima semana, no próximo mês, no próximo ano e nas próximas décadas.
Descubra como respira e o que pode melhorar para tornar a sua respiração numa respiração integral.
2. Movimento
Não vai há muitos dias, talvez tenham sido algumas semanas, ouvia uma reportagem de rádio com um dos especialistas portugueses em felicidade. Espere, começo a lembrar-me, penso que era o primeiro português doutorado em Economia da Felicidade.
[Entre a escrita do parágrafo anterior e do próximo, fui pesquisar a entrevista para o caso de lhe interessar. Aqui fica o link para ouvir a entrevista na integra.]
Uma das ideias defendidas por Gabriel Leite da Mota é que “o nosso patamar de PIB apontar-nos-ia para um nível de felicidade maior” do que na realidade temos.
Com base no relatório Mundial da Felicidade da ONU, Portugal está na posição 56. A questão é porque é que o crescimento económico não se traduz em aumento da felicidade? Não temos sol suficiente? A comida não é boa? A seleção não ganha jogos? O desemprego é baixo, mas os salários também são baixos? – Oops, este argumento é mesmo verdade. O crescimento económico não se traduz em ganhos de rendimento para a maioria das pessoas. Acabei de dar razão à esquerda? Sim, foi isso mesmo que fiz, mas há causas relacionadas com a saúde que quero explorar mais.
A resposta do economista é que o aumento do rendimento tem um efeito não-linear no aumento da felicidade – esta ideia não é nova, vem de estudos com várias décadas na área da psicologia. Conheço alguns dos estudos de cor, mas não vou massar ninguém com a teoria, porque isto é um artigo de blogue, não é uma aula.
O que é defendido, também por mim, é que a felicidade é o resultado final de um megassistema individual e social. Quando falamos/pensamos em sistemas os resultados mais complexos são, em geral, não-lineares.
O que haverá, ao nível da saúde, que justifique o não aumento da felicidade dos portugueses, apesar da melhoria das condições de vida e do aumento do salário mínimo? (Vou abster-me do lugar comum que é o aumento da inflação… é preciso ver mais longe do que o óbvio para inovar.)
Em Portugal o sedentarismo é gigantesco! E o movimento está ligado ao sentimento de bem-estar que leva à felicidade.
O país que ocupa a primeira posição no Relatório da Felicidade da ONU é a Finlância, e é também o país onde 71% da população é propensa a praticar exercício físico pelo menos uma vez por semana, de acordo com o Eurobarómetro 2022.
Por sua vez, Portugal aparece na cauda da lista dos oito países menos propensos a praticar exercício. 73% da população portuguesa diz não praticar qualquer desporto – o oposto da Finlândia, grosso modo.
Que relação é esta entre o movimento, a saúde e a felicidade?
O antropologista David Raichlen defende que a produção de endocanabinóides decorrente do exercício físico leva a maior coesão social.
Vamos dar um passo atrás.
O movimento, qualquer movimento, faz com que os músculos produzam as hormonas que conduzem a uma sensação de bem-estar. O exercício físico intenso ativa o sistema endocanabinoide, que leva à produção de estados mentais de maior cooperação e interajuda. O que pode traduzir-se assim: a importância de queimar gordura para ser feliz.
O movimento também permite respirar melhor, como já tínhamos percebido, e também permite uma digestão mais fácil dos alimentos: o estomago e o intestino são músculos. Todos os músculos do corpo estão interligados e o bloqueio de uns, diminuí o movimento de outros.
Para efeitos digestivos: a contração abdominal excessiva leva à produção de mais ácido no estomago, e à diminuição dos movimentos do intestino (nomeadamente, pela diminuição dos movimentos do diafragma durante a respiração). É a lotaria da doença! Quer comprar esta cautela? Contraía a barriga sempre!
Para sintetizar, qualquer movimento que faça, suave ou intenso, aumenta a produção dos neurotransmissores responsáveis pela sensação de esperança e bem-estar, o que inicia ciclos naturais de otimismo. Quanto menos se mexer mais infeliz e doente fica.
Para ativar este pilar da saúde, o movimento, comece gradualmente a introduzir exercício no seu dia-a-dia. Sob a forma de caminhadas, treinos em ginásio, aulas de grupo, o que preferir. Procure algo que goste de fazer e permita que essa atividade se transforme na sua rotina de movimento. A sua saúde vai subir de nível de imediato!
3. Alimentação
Não sei se já algum dia, ou noite, fez uma fogueira (no Inverno, claro… porque agora não se pode!). Para manter a fogueira precisa de dois ingredientes: madeira e oxigénio.
No nosso corpo é semelhante. Para produzir energia e manter-se quente (com vida!) precisa do oxigénio da respiração, que vai transformar os nutrientes que come, e que o seu intestino consegue absorver no processo digestivo, naquilo que o corpo precisa para se mexer e criar. Os alimentos são a lenha da sua fogueira interna.
A qualidade da alimentação regula o funcionamento de todo o corpo, quer para a produção de neurotransmissores que mantêm o cérebro feliz, quer para a concentração, quer para a aprendizagem, quer para a execução de qualquer tarefa motora. Tudo o que fazemos ou pensamos consome um bocadinho ou muita da energia que os alimentos nos dão.
Quando optamos por alimentos processados, com elevadas quantidades de açúcares e gordura, bem como aditivos e conservantes, estamos a dar ao corpo energia, mas não é uma energia limpa. Os resíduos, ou seja, as toxinas, que esses alimentos têm vão-se acumulando no corpo, por norma nas articulações, e são responsáveis por uma série de doenças crónicas e autoimunes que podem ser evitadas.
Muitas das culpas do sofrimento humano que são atribuídas ao envelhecimento, na realidade devem-se a défices na alimentação.
A solução é uma alimentação biológica (limpa) que é o equivalente a usarmos energias renováveis para alimentar tudo o que fazemos e pensamos. Ao reduzir a quantidade de toxinas que ingere vai potenciar o poder regenerador do corpo, atrasando o processo de envelhecimento e mantendo-se saudável apesar da passagem dos anos.
Das várias dietas que têm sido estudadas em todo o planeta, a que mais consenso criou na criação de saúde ao longo de toda a vida, dos zero até depois dos 100, foi a dieta mediterrânica.
Supostamente essa é a dieta portuguesa, mas nas últimas décadas os hábitos alimentares dos portugueses têm vindo a mudar. Consomem-se cada vez mais alimentos altamente processados, comidas já prontas, e cada vez menos as refeições são cozinhadas de raiz. Consome-se cada vez mais carne e parece ser mau não comer proteína animal todos os dias, quando a dieta mediterrânea prevê o consumo de carne ou peixe apenas algumas duas ou três vezes por semana.
A melhor opção para a saúde humana: assumir que saber cozinhar é uma necessidade básica. Todos devemos aprender a cozinhar, da mesma forma que aprendemos a ler.
Quando faz bolachas na sua cozinha pode controlar a quantidade de açúcar que usa. Pode também substituir o açúcar por purés de fruta, usar farinhas integrais e eliminar por completo os conservantes e aditivos. Por outro lado quando compra bolachas já embaladas, a única coisa que controla é a forma como vai pagar: dinheiro ou cartão. Em termos de saúde perde todo o controlo.
A alimentação bio é uma das tendências globais do desenvolvimento humano, está enraizada no processo evolutivo que está a decorrer na nossa era, porque nos dá vantagens evolutivas ao nível da saúde e da clareza mental. Dito de outra forma: ganhamos saúde e ficamos mais inteligentes.
Este é o último artigo que escrevo no blogue integralmente no Verão de 2024. Regresso em Setembro, todas as segundas, com novos temas e ideias para partilhar saúde consigo.
Boas férias, se for o caso, e não se esqueça
Viva Integralmente
Andreia
😀